Rússia: Narrativas e Contra-Narrativas Globalistas
Dugin e Pepe Escobar numa entrevista reveladora: uma análise demolidora.
I - o Z-ANOM convergindo com o Q-ANOM
Se o Ocidente/OTAN é uma piada de mau gosto e têm figuras ridículas – a começar por Joe Biden – a Rússia também os têm.
Vejam Dugin e seu escudeiro-passa-panos Pepe Escobar juntos nessa entrevista de 24/06/24. Um circo impressionante.1
Dugin blefa, delira (em aparência, pois a meu ver ele sabe bem o personagem que representa…), se mostra numa arrogância imensa e inédita. Se colocando como uma espécie de entusiasta da III Guerra Mundial2, diz (min 04:30), que “a Rússia vai distribuir armas nucleares para todos que possam usar contra o Ocidente” e fala em nome do Vietnã e de outros países (como se estes fossem necessariamente aceitar estas armas atômicas), dos Palestinos (como se o Hamas tivesse aberto um 2º front do conflito “anti Ocidento-globalista” do Dombass3) e fala num tom como se ele fosse o próprio chefe do governo Russo e das Forças Armadas, e não que estas fossem comandadas pelo depressivo do general Gerasimov4. (Vai ver até que Dugin é o chefe mesmo rsrs5, ou pelo menos, representa setores da elite dirigente oculta da Rússia…).
Alardeando aos quatro ventos que “a Rússia vai distribuir armas nucleares”, Dugin levanta a bola para que acusem a Rússia de “estimular o terrorismo”, alimentando assim um espantalho que as elites ocidentais — e talvez as orientais também — sempre desejaram: um “terrorismo atômico”, carta na manga que, curiosamente, nunca se concretizou, nem através de uma possível “apropriação indébita de arma nuclear”, nem de possíveis sabotagens e ações em usinas atômicas.6
Nesta específica entrevista, surpreendentemente, Dugin não cita o nome de Putin nenhuma vez. Em compensação diz várias vezes que o único que pode salvar a Humanidade da aniquilação nuclear é Trump. Veja o min 15:28 e pasme.
Ou seja, a confirmação do que eu vinha abordando ultimamente, e para alguns parecia ser uma impossibilidade, por que faria seu mundo de ilusões ideológicas, mais uma vez, ruir:
O Z-ANOM convergindo com o Q-ANOM.
(Q-ANOM = “Tudo que o gênio Trump faz é maravilhoso mesmo que aparentemente não o seja”. Z-ANOM = Idem aplicado a Putin)
É a reedição do conto furado dos White Hats, os Chapéus Brancos, contra-narrativa manipulatória onde líderes como Trump, Putin e Xi Jinping trabalhariam como uma espécie de rede de “infiltrados do bem” dentro de seus respectivos Deep States “do mal”. Tal narrativa nutriu de falsas esperanças muita gente, apaziguando-os para que não se revoltassem. Como vemos, Dugin, considerado como a grande influência filosófico-ideológica de Putin, diz repetidamente neste vídeo que a Salvação da Humanidade é Trump.
Está duvidando? Veja a entrevista e confira.
Se você por acaso achava Dugin um pensador ponderado — e num certo contexto e em alguns assuntos ele até já o foi — perante tantas evidências, hoje você pode repensar isso.
Rever posições quando acessamos novos níveis de compreensão não é vergonha. É despojamento, é Humildade Epistemológica7, é evolução de consciência. Eu também ja me deixei encantar com estes e outros do gênero. Bom, às vezes eles foram degraus úteis em nossas caminhadas, mas que depois de incorporarmos o que trazem de relevante, superamos e deixamos para trás como fazemos com as classes escolares. Estamos aqui abordando um tipo de gente/agente/servente que existe em qualquer país, sendo mestres em ilusões e em Limited Hangouts8: só mostram a parte da questão que lhes convêm e quando lhes convêm.
Aproveite e retire-se do “Geo Fla x Flu”, cultivando um pensamento crítico independente.
Pepe Escobar, no min 41:00 fala do BIS como algo de positivo, sendo o garantidor da ("medida de valor"/moeda?) "Unity", Russo-chinesa BRICS (Alguém avisou isso aos Brasileiros, Sul-Africanos e Indianos?) baseada no sistema "apolítico" (sim, Pepe disse "apolítico" 😅) mBridge do BIS! E ainda se dizem "lutando contra o Globalismo" rsrsrs9.
O BIS - Bank for Internacional Settlements, na Suíça, é, até onde conseguimos enxergar, simplesmente a instituição mais globalista que há. É o Banco Central dos Bancos Centrais, autônomo e opaco, e emana — sabe-se lá vindas de onde — as diretrizes da politica econômica para praticamente todos os Bancos Centrais do Mundo. O BIS, então, pode ser considerado suprapolítico, mas de nenhuma maneira “apolítico”10. O mBridge então é, claramente, mais um Cavalo de Tróia Globalista.
Claro, na entrevista ninguém fala da OMS e seu "pacto antipandêmico" autoritário e antisoberano — do qual a Rússia participa — nem das recentes acusações de corrupção, nem das prisões e alterações no seio do governo russo. Muito menos do atoleiro que vem vivendo o exército Russo, que dizem "iria vencer a guerra em duas semanas ou dois meses" mas tem penado para conquistar meros 5 Km de terreno, enquanto mísseis caem em cidades em pleno território russo, muitas vezes em localidades a centenas de Milhas do Front.
Rsrsrs - eu rio das narrativas e nunca da trágica situação humana. Como seria de se esperar, também não se fala das centenas de milhares de Russos que deixaram o país devido a esta guerra apresentada como muy patriótica…
Aliás Pepe se mostra muito entusiasmado por que agora a Rússia dialoga com... o Taliban (!). O Afeganistão + a Coreia do Norte são essenciais na "Nova Estratégia de Defesa Russa"...ué, mas a Rússia não possui as armas mais modernas do mundo, sendo capaz de sozinha enfrentar e arrasar com a OTAN inteira?11
Desde quando as economias de cágado desses dois países, com os Talibãs tidos por obtusos obcecados pela Shária, usando turbante em vez de capacete, surgindo agarrados nos paus-de-araras das boléias de Toyota (como os do ISIS...) e os duvidosos mísseis de médio alcance de Kim é que vão fazer a diferença na segurança da Grande e Poderosa Rússia? Ou a Rússia é belicamente mega-poderosa ou ela necessita urgentemente de pequenos aliados; há que se decidir qual a narrativa a qual se adere, pois uma anula a outra.
O desindependente jornalista globalista Lado B também crê que o Ocidente não tem a mínima ideia do que foi discutido no Fórum Econômico de São Petesburgo, um evento público (e, sabe-se lá porquê, exigiu teste anti-covid para os participantes, seguindo o exemplo da 5ª posse de Putin algumas semanas antes).
Tanto Pepe como Dugin falam como se o Ocidente fosse incapaz de ter qualquer reação perante as iniciativas da Rússia, o que é de um infantilismo atroz.
Falam como se a Rússia e suas empresas não jogassem nas Bolsas de Valores, não comercializasse com países ocidentais e que nunca existissem acordos e conchavos entre as respectivas elites, as visíveis e as invisíveis às populações.
Ah, mas como Dugin insiste: "a única missão de Trump é salvar a humanidade da aniquilação"...
Acabei de ler a TASS na edição russa e não vi nenhuma referência ao que Dugin vociferou: "acabou a paciência, agora vamos distribuir armas nucleares". Não sei da onde ele tirou isso.
II - Trump, Deus e a Cortina de Fumaça
O New Rules Podcast, de um jovem chamado Dimitri Simes Jr., tinha recebido os mesmos Dugin e Pepe Escobar em fev. 2024 por ocasião dos 2 anos da "Operação Militar Especial" na Ucrânia. Trata-se do vídeo aqui acima, o qual abordaremos a seguir.
Dugin, que até alguns anos atrás trazia certos tópicos interessantes, pelo menos que eu me lembre, não falava absurdidades nessa proporção. Nesta entrevista, porém, ele se refere à "Missão da Rússia" e de que "talvez a Rússia foi criada por Deus para este momento: manter o Anticristo do Ocidente Globalista afastado"… 😕😴
Curiosamente, esse tipo de mito messiânico apelando para o “particularismo de um Estado ou povo ungido com uma tarefa divina” pode ser encontrado igualmente nos EUA e em Israel.12
No entanto, na entrevista posterior (24/06/24), que vimos no início deste artigo, Dugin acrescentaria que "Só Trump pode salvar a humanidade da aniquilação". Pelo menos agora temos a esperança de que não são só os Russos amigos de Dugin são os únicos responsáveis pela Salvação do Mundo, o que me traz grande alívio!
Pepe está ali para maneirar os neo-delírios de Dugin, e para acrescentar outras baboseiras narrativas cavalos-de-tróia travestidas de “alternativas & inteligentes”.13
Já que Pepe não fala de Deus — nem com Deus — como Dugin, ele se impressiona com os rituais ortodoxos dos soldados russos no Dombass...e todos os inteligentíssimos presentes se esquecem que os Ucranianos são igualmente ortodoxos e que, em principio, podem e devem fazer os mesmos rituais ou similares...mas bem, Dugin, o Sábio semi-monge, deve saber, através do Leak exclusivo de algum Arcanjo, de que lado o Deus dos Cristãos Ortodoxos está...
Na Primeira Guerra Mundial, Austríacos super-católicos e Italianos se massacraram nos Alpes. Já se passaram mais de 100 anos e ainda não descobrimos "de que lado Deus estava"... Mas assim que tiver oportunidade perguntarei isso para o Dugin rsrs!
A compreensão da entrevista mais recente de Dugin e Pepe em seu contexto passa pelo entendimento dessa primeira entrevista para o New Rules, mas também pela breve entrevista que Dugin deu para Tucker Carlson em 30/04/24 que você pode assistir aqui:
Assim que puder farei uma análise do conjunto em áudio ou vídeo. Haverá de ser longa, pois, como vêem, há muito para se destrinchar e expôr, sempre ligando os pontos e apontando contradições.
Por que me dou o trabalho de fazer isso? Por que quero que meus compatriotas Brasileiros tenham uma opção de análise realmente Independente e não caiam no Lado B da armadilha globalista, onde, assim como no tempo da Guerra Fria, empurram os cidadãos a escolher um lado no Geo Fla x Flu, para que no meio do fluxo emocional, evitemos de nos darmos conta de que ambos são variações das mesmas agendas14.
Dugin, na segunda entrevista para o New Rules, analisada na primeira parte deste artigo, tem a pachorra de dizer (min. 25:00) que:
“…eu acredito em Trump como uma pessoa totalmente isolada, mas ele é também um business man, e se você propõe para os homens de negócio sacrificar a Humanidade por algum ideal abstrato de democracia liberal global, casamento gay, Inteligência Artificial e politicas feministas, o homem de negócios responderia: se eu fizer isso, eu perderei tudo.”
Analisemos: na Rússia há um arremedo de democracia que não é exatamente a “liberal”, mas na prática se parece muito com esta, mantendo a oligarquia no poder e o Povo à parte; casamento gay e políticas feministas realmente lá não existem, mas… Inteligência Artificial não tem na Rússia? Como assim, Dugin? É uma das coisas que mais ganham força por lá. Veja como usa-se a Cortina de Fumaça: mistura-se informação com desinformação.
É evidente que a IA, seus abusos atuais e possíveis maiores abusos futuros não são questões restritas aos Ocidentais desespiritualizados em decadência. Como se não existisse o mesmo na Rússia ou na China. Parece até que Dugin nunca ouviu falar no Sberbank – russo – e seu apreço por reconhecimento facial de crianças nas escolas, cashless solutions, CBDCs entre outras aplicações de IA.
Explicando a Dugin e Pepe o ABC do Globalismo…
Aliás, cabe lembrar a Dugin, Pepe e a todos mais, que nem a Rússia nem a China são "oprimidos coitadinhos": ambos países estão entre os cinco que detêm o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, ou seja, estão entre os países que organizam e repartem o mundo. Ou pelo menos, encarnam as elites que o fazem.
Se a China já foi "Sul Global oprimido", há décadas que já não o é. Mas a imensa maioria se recusa a vê-lo; o que só posso atribuir a um certo hipnotismo social e midiático ao qual chamo apenas de Hipnotismo com H maiúsculo. Já abordei o assunto em Lives e posso voltar a abordá-lo.
Há que se explicar para Dugin e atualizá-lo (rsrsrs) de que o Globalismo não corresponde exatamente ao “imperialismo Norte-Americano”. Trata-se de uma elite transnacional, certo, atualmente bastante ocidental ao que parece, mas com raízes em certos locais — inclusive na Rússia e no Oriente Médio — e tentáculos virtualmente em todos os lugares.
Com o peso da Finança Americana, os Globalistas operam bastante à partir de uma base Estadunidense, como operaram e ainda operam à partir de uma base britânica, mas estes não se apegam especialmente à nação Americana, muito menos à sua população, aliás à nenhum país e à nenhuma população verdadeiramente, o que é bem evidenciado pela mudança da preferência produtiva deles dos EUA para a China dita comunista. Manejam qualquer ideologia política e social, contanto que seja para esfacelar os esteios sociais, controlar, corromper e deprimir econômica e moralmente as populações.
No entanto, a meu ver, os Globalistas não controlam, como muitos pensam, diretamente tudo; mas são capazes de mobilizar vastíssimos recursos; controlam diretamente muita coisa e delegam outras, que precisam ser negociadas com seus colaboradores locais. Mas algo é nítido; eles buscam se infiltrar em tudo: no econômico, no social, no científico, no cultural, no espiritual. Se utilizam especialmente de instituições internacionais como a ONU, a OMS, o FMI, o BIS… Alguém ainda acha que não tem Russo ou Chinês envolvido nisso?
Parafraseando com leveza Lily, do Substack A Little Bit: "A Política é tipo uma Vila Sésamo para Panacas" (Politics is like Sesame Street for assholes)...15
Então:
Não seja um Panaca. Questione!
E não esqueça de rir sempre que possível, para levarmos esse Circo de maneira mais leve.
PS: se ainda não leu, leia as notas a seguir, elas trazem importantes informações e reflexões.
Agradeço à Thiago Abreu, mestre em Relações Internacionais, pela sugestão de que eu analisasse esta importante entrevista, que até então, me era desconhecida.
Que Dugin, não sem alguma razão, chama de “Guerra Civil Mundial”, porém aí ele, ironicamente, errando de alvo acertou em uma mosca, pois se se trata de uma Guerra Civil é justamente por que estamos dentro de um mesmo “país”, ou mais precisamente sob a mesma entidade política (ou político-econômica). Este entidade é o Globalismo Governante Mundial, da qual, ao que tudo indica, assim como o Ocidente, China e Rússia também estão sob sua tutela, apenas com parte de suas elites dirigentes tentando abocanhar um pedaço maior no bolo, sem — infelizmente para pessoas como nós — se opor realmente às suas instituições, agendas e métodos.
Os Palestinos — e aqui não estou fazendo juízo de valor de suas facções e seus métodos — lutam por suas terras (e vidas) desde 1948, e sob certos prismas podemos considerar desde 1916 (declaração de Balfour).
Embora exista uma consciência da relevância do papel dos EUA, UK etc. a luta é claramente centrada em ser uma resistência local contra o Sionismo Apartheidista e Expansionista israelense do que contra “O Ocidente” em si, até porque existem setores nas sociedades ocidentais que apoiam a causa palestina. A prova é, que os grupos palestinos fortemente organizados e armados como o Hamas e o Hezbollah não atacam alvos nos países ocidentais, ou se atacaram é coisa raríssima, e ainda por cima há que se confirmar se o ocorrido não se trata de uma False Flag atribuída aos Palestinos.
Querer incorporar a força vital desse combate à uma questão russa (ou pseudo-russa) no Dombass, como se conflito palestino fosse uma extensão secundária da tal “Operação Militar Especial”, me parece uma tentativa de “virar o spin”, um golpe intelectual desonesto e mesmo desrespeitoso com os Palestinos. Aliás, se o governo Putin realmente sustentasse a causa palestina, teria abandonado a retórica há muito tempo e, pela força e/ou ameaça das armas teria intervido e evitado o bombardeio/invasão/massacre de Gaza.
Procure qualquer foto de Gerasimov na internet como neste link: Gerasimov Google Images e veja se ele encarna a força e confiança que se espera do comandante do Estado Maior de um exército forte e de “forças armadas que detêm as armas mais poderosas do mundo”. É nítido que trata-se de um depressivo crônico, a começar pelos olhos e gestos sem energia e expressividade. Compare, por exemplo, com a atitude e o olhar vivaz dos generais iranianos (sem aqui fazer juízo de valor destes, apenas constatando que eles não têm aparência de depressivos).
rsrs = risos; rsrsrs = muitos risos. É pra rir, e mais por ironia do que por desdém; por exposição das contradições e das narrativas capengas e/ou manipulatórias, o que não tira a seriedade do assunto.
Em certa medida, Israel vem trabalhando com um espantalho deste tipo: o terror de que o Irã desenvolva um artefato nuclear. A narrativa de que “o Irã está a três meses de fazê-lo” é constantemente realimentada há mais de 30 anos, servindo de pretexto para temores disseminados, orçamentos e ações. Incrivelmente, poucos israelenses parecem se dar conta desta manipulação.
Humildade Epistemológica, é um conceito que proponho, e resumo sua definição como sendo uma postura consciente dos limites do nosso saber, dos limites de nossa capacidade de conhecimento e compreensão, devendo ser a base de toda pesquisa livre e séria. Uma postura que implica a possibilidade de, a todo momento, revermos aquilo que pensamos saber.
Ironicamente, o próprio Pepe Escobar, que popularizou no Brasil a expressão Limited Hangout é, ele mesmo, um Limited Hangout: abre uma parte do jogo para esconder o essencial. O ponto é que, geralmente, é justamente esse essencial o que falta para a compreensão de um fato em profundidade e do verdadeiro papel dos players envolvidos.
Entre os Membros observadores do projeto mBridge estão incluídos: Bank of France; Bank of Israel; Bank of Italy; Central Bank of Norway; European Central Bank; International Monetary Fund - FMI; New York Innovation Center, Federal Reserve Bank of New York; Reserve Bank of Australia e o World Bank - O Banco Mundial. Agora diga-me onde estão os alegados “anti-ocidentalismo” e o "anti-globalismo” desse projeto?
Mais informação na página oficial do projeto (vale a pena clicar, é bem resumido e de claro entendimento): Link para o projeto mBridge no site do BIS
Para maior aprofundamento a respeito do BIS, ver o vasto trabalho do Pesquisador Independente Daniel Simões à respeito, e em especial, um artigo sobre o mBridge:
Veja no link abaixo as armas inigualáveis e hipersônicas que a Rússia arvora possuir. Ao apresentá-las em 2018, recordo-me de Putin dizer que “estas armas garantiriam a segurança da Rússia por 20 anos”. Eu, assim como outros questionadores — e provavelmente muitos Russos — perguntamos: "por onde andará toda essa segurança hoje?”
Será que essas armas possuem realmente as capacidades e performances que dizem ter as narrativas russas e as contra-narrativas corroborativas da OTAN? Tais contra-narrativas ocidentais legitimam e reforçam as russas, ao menos parcialmente. Lembremos que os EUA e a OTAN precisam de um inimigo aterrador para justificar seus gastos e medidas…. Russian Super Weapons Wikipedia
Uma pergunta que não quer calar: Onde estavam a “profunda fé ortodoxa” de Dugin e Putin durante os tempos da URSS? Naquele regime, posso supor que, Dugin, sendo um cidadão comum, até conseguiria levar uma “fé discreta”, mas Putin foi agente da KGB, o que acarretava em ser um comunista ateu exemplar…então, se ele era cristão, mentiu o tempo todo na Era Soviética; por outro lado, caso ele seja ateu até hoje e se mostrando carola, estará mentindo para o Povo. Ou será que ele, de grande ateu, “se converteu profunda e genuinamente” quando a URSS caiu?
Em todo caso é curioso reparar que Putin, que ostenta números de um massivo apoio popular e nas urnas, nunca aparece em meio ao Povo Russo, e nem seus eleitores populares fizeram parte da cerimônia de posse do seu quinto mandato, em maio de 2024. Às vezes me parece até que Putin tem um fã-clube mais ativo na América Latina do que na própria Rússia…
O fato de Pepe se opor aos evidentes massacres em Gaza e outras brutalidades israelenses não é suficiente; até Macron o faz. É o mínimo que se espera de alguém que se diz um jornalista “não alinhado ao mainstream”; sem isso ele não teria a mínima legitimidade (do pouco que lhe sobrou, depois de ter se abstido de maneira infame de criticar o confinamento, as vacs e os passes sanitários).
Além disso, Pepe, consciente ou inconscientemente, foi o escolhido para difundir a suspeitíssima e estapafúrdia narrativa — ao mesmo tempo Israelense e Putinista — de que "A Rússia teria derrubado um caça israelense que levava uma bomba Nuclear para atacar o Irã", que expus e analisei em detalhes. Até onde eu saiba não conheço ninguém em nenhuma língua que compreendeu e explicou o que estava em jogo ali. As pessoas apenas se limitaram a discutir se era verdade ou não, porém, o enredo vai mais além. E olha que não disponho de nenhuma informação privilegiada: apenas, conhecendo a falsidade de uma série de narrativas, liguei os pontos. Veja como tudo fica claro sob o prisma que apresento; você pode escutar aqui: Áudio Telegram: Como Pepe Escobar E Scott Ritter corroboram as narrativas Israelo-Sionistas
Tenho consciência de que a Rússia não entra na agenda Trans (sex); este é justamente o diferencial apresentado: a Rússia seria mais conservadora, mais família, mais tradição que o ocidente. Efetivamente este aspecto é o mais louvável e atrativo da Rússia, o que lhes permite argumentar que esta se manteria ao abrigo da “decadência ocidental” (como se a decadência mundial generalizada se resumisse a isso). No entanto, convém lembrar que:
A) - A imposição globalista da agenda Trans (e aqui digo Transsex, pois em relação à agenda Trans-humanista tecnológica, não vejo nenhuma diferença da Rússia com países ocidentais) e, em muitos casos a agenda LGBT+, é focada e forçada essencialmente no Ocidente em sua acepção larga (ou seja, incluindo a América Latina). Tal agenda simplesmente não entra, nem parece feita para se enquadrar, nos países não-ocidentais. Nem mesmo no Leste Europeu elas adquirem relevância. Vemos que esta posição — tão positiva em sua recusa — e tão louvada pelos pró-Putin, não deve nada à seu gênio individual; é simplesmente a posição corrente em praticamente toda Ásia, África e metade da Europa (claro, Israel à parte…).
B1) Além disso, a “defesa da família” arvorada por Putin é parcial e limitada. Outros aspectos praticados por seu governo são bastante nocivos às famílias como:
Coagir cidadãos e crianças à injeções “experimentais” (a propósito, a vac. Sputnik foi desenvolvida na Rússia em conjunto com a bem ocidental Anglo-Sueca AstraZeneca.
Agência Sputnik 21/12/20 Putin louvando a colaboração com a Astrazeneca (em português)
Na Rússia, assim como no ocidente, existem vários médicos que as criticam.
B2) Levar a cabo uma longa guerra onde, pelo recrutamento de civis, um número enorme de famílias são afetadas, seja por ferimento e morte dos soldados regulares, seja pelo o que foi o principal pecado de Putin nos últimos anos: a convocação militar compulsória ocorrida em setembro de 2022. Até então a guerra tinha sido conduzida exclusivamente com as forças regulares e profissionais, e a vida corria relativamente normal na Rússia.
Trata-se de algo não visto entre as “grandes potências” desde o Vietnã (EUA 1964-73) e o Afeganistão (URSS 1979-89). Uma impopular convocação de civis para uma guerra de ataque à um país estrangeiro. Por outro lado, quando um país é atacado, como a Ucrânia, é esperado que ocorra essa convocação, pois, em princípio, cada um estaria defendendo seu lar.
Em 09/22 a Rússia convocou civis, filhos e pais de família, alguns com mais de 40 anos de idade. Resultado: famílias russas destroçadas, ou por que os familiares estão de força no front, ou por que, como mais de 800.000 russos (ou 500.000 segundo a fonte), deixaram o país constrangidos pelas circunstâncias. Pelo o que entendi, nesse montante contam-se familiares que acompanharam homens convocados ou que temem uma convocação, assim como homens e mulheres que saíram, sem serem exatamente envolvidos com uma convocação, mas para escapar de um clima pesado e de insegurança que foi se instaurando.
Eu mesmo, aqui no Sul da França, encontrei em julho de 2023 um casal, ela russa, ele Francês de uma família de posses, que continuaram vivendo em Moscou perfeitamente no início da guerra, e não desgostavam de Putin, porém com o prolongar desta, disseram que o clima foi ficando progressivamente pesado, desde uma crescente censura até posições tensas entre amigos, alguns passando a evitar certos assuntos no telefone ou mesmo pessoalmente, o que os levou à optar por se estabelecer na França. Eles também tinham — como tantos lá — amigos na Ucrânia ou de origem ucraniana estabelecidos na Rússia ou pelo mundo.
É difícil obtermos números exatos dos russos que deixaram o país; depende da fonte e assim mesmo sempre devemos questioná-los. A Wikipédia dá quase 900.000: Russian emigration during the Russian invasion of Ukraine
O The Moscou Times fala em quase 4 milhões, o que me parece ser um grande exagero, posto que este número parece realmente ter saído da Rússia, mas inclui turistas e pessoas que ficaram um tempo fora para ver o que acontecia e a maior parte voltou. Nearly 4M Russians Left Russia in Early 2022
Mesmo usando o buscador russo Yandex é difícil encontrar fontes realmente russas sobre o assunto; deve ser tema tabu, evitado, censurado ou shadowbanizado.
Neste site, embora desatualizado, encontramos a estimativa de sociólogos russos onde um milhão teriam deixado o país, mas metade teria posteriormente voltado, o que daria, em 2023, 500.000 Russos ainda no exterior: 5/7/23 "I have no fear and no hope": Why Russians are returning to Russia
Considerando a população da Rússia de antes da guerra, estimada em 143 milhões, a assim chamada “Convocação parcial” acarretou numa enorme perda da força de trabalho durante um alegado “esforço de guerra”, e criou uma chaga enorme no seio das famílias e da sociedade, causando, segundo os números que temos, muito mais baixas na população russa do que os combates.
A seguir o link para um vídeo em inglês onde acompanhamos um pai de 46 anos que se filma tendo que fugir de Moscou para escapar ao alistamento. Não é necessário concordar com tudo que ele diz em seu canal — e nem eu concordo — mas o drama pessoal e familiar é inegável.
JDA, com seu texto você nos brinda, em português, com uma análise robusta e complexa, mas de fácil compreensão sobre a realidade atual. Partindo das fanfarrônicas entrevistas do lamentável New Rules (proframa infeliz até no nome) com Dugin e Pepe, e por Tucker Carlson e Lily você liga os pontos e tece excelentes comentários, enriquecidos pelas notas, e com uma fina ironia que nada deixa a dever a seus bons pares do Substack. Uma contribuição primorosa, mas que exige uma necessária musculatura intelectual raramente exigida do leitor brasileiro, o que nos impõe pensar e reletir sobre o mundo em que vivemos. Como também o faz o Pesquisador independente Daniel Simões. Um esforço recompensador para clarear e apurar nossa forma de ver as coisas. E há tanto por clarear... Parabéns! Você foi muito feliz em suas colocações e aguardamos as novas e prometidas análises complementares para aprofundar seu raciocínio!
O Dugin, sendo conhecedor da igreja ortodoxa, é no mínimo desonestidade intelectual em nenhum momento comentar que na religião cristã em geral, é sabido que o anticristo ou o projeto globalista vem de Israel. Se a Rússia tivesse realmente essa missão "messiãnica" , no mínimo ele deveria comentar um provável problema entre Rússia e Israel. Mas sabemos que Rússia e Israel são unha e carne.